Por Fernando Vieira Filho (1)
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A demência senil do
tipo Alzheimer é um transtorno progressivo que mata lentamente as células
nervosas do cérebro. Foi identificado pela primeira vez em 1907 pelo clínico
alemão Aloysius Alzheimer (3). Aproximadamente 1 em cada 20
idosos com 65 ou mais anos de idade são acometidos pela doença. Quanto mais
avançada à idade, maiores as chances de surgir à demência. Um estudo mostrou que
47% dos idosos com mais de 85 anos de idade sofrem de demência de
Alzheimer.
Um
caso de demência no início
Como exemplo um caso real,
denominado Sra. At., típico da demência de
Alzheimer.
O
primeiro fato significativo, provavelmente envolvido no quadro demencial ocorreu
um ano antes do diagnóstico ser feito: foi uma explosão de raiva por motivo
banal, fato atípico da Sra. At. ao longo de seus 78 anos de idade. O marido da
Sra. At. notou que ela estava misturando fatos não relacionados recentemente e
acabaram discutindo por causa disso. Ela passou a esquecer-se do aniversário dos
netos e a perder-se enquanto dirigia o carro em locais próximos de casa. Notando
o que se passava consigo a Sra. At. sentiu-se amedrontada. As pessoas próximas,
amigos e parentes notaram a mudança em sua memória, mas todos consideraram algo
passageiro e comum "da idade".
Até
este momento não era possível ter certeza sobre o que estava acontecendo com a
saúde da Sra. At.. É hora de ir ao médico e investigar o que pode estar causando
esse quadro. Medicações? Problemas clínicos?
Demência?
A
demência de Alzheimer não afeta apenas a memória: prejudica a capacidade de
raciocínio lógico, altera a personalidade e o comportamento, além de outras
funções mentais. As pessoas só desconfiam de demência quando veem um idoso ter
falhas da memória. Na verdade as mudanças no comportamento são suficientes para
se suspeitar deste problema.
Sintomas
Inicialmente as pessoas que
sofrem de demência de Alzheimer desenvolvem mudanças quase imperceptíveis da
personalidade e perda de memória para os fatos recentes. Elas se cansam,
se aborrecem e ficam ansiosas com mais facilidade. O padrão de perda da memória
é diferente daquele que todos temos como simples esquecimento. Normalmente
esquecemos o que se passou há muito tempo e lembramos mais os fatos recentes. Na
demência de Alzheimer segue-se o padrão inverso: esquece-se primeiro o que se
aprendeu por último.
Assim os pacientes com Alzheimer
lembram-se da infância, dos próprios pais, do casamento ou fatos semelhantes.
Isso dá a falsa impressão aos familiares de que a memória do paciente está boa.
À medida que a doença progride a pessoa vai esquecendo mesmo os fatos mais
antigos, deixando de reconhecer o cônjuge e os filhos, por exemplo; este seria
um estágio já bem avançado. A dificuldade da memória seria basicamente a de
apreender fatos novos.
Os
trajetos costumam ser um bom parâmetro de acompanhamento da doença: inicialmente
os pacientes conseguem seguir caminhos familiares, mas perdem-se em caminhos
para lugares desconhecidos. Outra manifestação dos estágios moderados é a
repetição da mesma pergunta várias vezes. Se a doença se aprofunda o paciente
passa a se perder mesmo nos locais familiares. Não é raro ver pacientes que se
perdem dentro da própria casa, não conseguindo chegar a um determinado cômodo.
Nos estágios iniciais os pacientes tentam encobrir as falhas com desculpas ou
com histórias inexistentes. É comum também o surgimento de depressão: isso
confunde mais ainda o quadro que pode não ter sido devidamente diagnosticado. A
depressão pode e deve ser tratada, a recuperação do estado de ânimo leva a um
melhor desempenho da memória. Já na perda pela demência, a memória perdida não é
recuperável.
Estas pessoas não conseguem
tomar as melhores decisões e irritam-se com os familiares que tentam ajudar em
tarefas simples como o preenchimento de formulários ou na conferência do balanço
bancário. A operação de máquinas ou veículos se torna perigosa, pois os reflexos
estão bastante comprometidos. Nessa fase o nome dos amigos começa a ser
esquecido, bem como as atividades sociais: por conta disso os pacientes acabam
se isolando.
Além da memória, a demência leva
a uma deterioração da capacidade de raciocínio e julgamento. Também ao
descontrole dos impulsos e da conduta. Aos poucos a capacidade de ler e de
executar as tarefas habituais vai se perdendo. No fim a pessoa não consegue nem
mesmo realizar sua higiene pessoal, atividades motoras básicas como desabotoar
uma camisa ou andar sozinho. O sono pode ficar alterado e o paciente fica
andando pela casa a noite, sem objetivo. Desorientação quanto ao tempo e espaço
podem surgir. Com isso o paciente confunde-se quanto à época em que está. Passa
a não conseguir distinguir o real do imaginário e a ter ideias de perseguição ou
mesmo alucinações visuais. As emoções podem ficar perturbadas com manifestações
inapropriadas e desconexas, chorando ou rindo sem motivo. Agitação, ansiedade,
ideia de que estão lhe roubando ou escondendo as coisas também podem aparecer.
Aos poucos o paciente perde completamente o contato com a realidade. Contudo nem
sempre a demência de Alzheimer progride a esse ponto. Muitos casos estacionam
ficando o paciente com apenas uma perda parcial das funções. Nem todos os
pacientes chegam ao estágio mais profundo da doença.
Diagnóstico
Muitos leigos ao se informarem
sobre o quadro clínico da demência de Alzheimer, como aqui oferecido, acreditam
poder fazer o diagnóstico de um parente próximo que está apresentando problemas
no comportamento. O diagnóstico não é elementar nem precisa ser feito na
primeira visita. Antes de afirmar o diagnóstico o médico deve excluir as causas
reversíveis e tratáveis. Alterações que provocam quadros semelhantes à doença de
Alzheimer:
1.
Depressão
2.
Reação a medicações e interações medicamentosas
3.
Transtornos que causem o desequilíbrio hidroeletrolítico do sangue como
diabetes, desnutrição, avitaminoses (como a falta de vitamina B12 no
alcoolismo), problemas tireoidianos, alterações no metabolismo do sódio e do
cálcio.
4.
Problemas cardíacos ou pulmonares que afetem a nutrição e oxigenação do
cérebro
5.
Exposição a substâncias poluentes ou tóxicas como mercúrio, monóxido de carbono,
poluentes industriais, pesticidas, alcoolismo
crônico.
Todas essas situações são
tratáveis e reversíveis pelo menos em parte. É necessário agir no tempo certo,
pois a prolongação da exposição ao agente agressor torna a lesão irreversível e
o dano irreparável. Por isso é importante antes de se fechar o diagnóstico, ter
excluído essas doenças.
Apesar de o quadro demencial ser
um só, há várias doenças que levam à demência. A mais comum é a demência de
Alzheimer, depois vem à demência multi-infarto, a demência por esclerose
múltipla, por Parkinson, Huntington e por Creutzfeld-Jakob (a doença da vaca
louca). Essas demências assim como a de Alzheimer são progressivas e
incontroláveis. Apenas a por Parkinsonismo começa a ser controlada
atualmente.
Dicas para
ajudar:
· Manter uma rotina regular quanto
aos hábitos e horária diários
· Verificar a segurança do
paciente regularmente
· Objetos familiares ou
necessários devem ser mantidos à vista do
paciente
· Não descuidar da ingestão
líquida e sólida
· Ajudar o paciente a ser tão
independente quanto possível
· Oferecer exercícios e recreação
regulares
· Mantê-lo em contato com amigos e
parentes
· A visita ao médico deve ser
periódica mesmo que não tenham surgido problemas
novos
· Instalação de corrimãos em casa
especialmente no banheiro.
· No caso de incontinência
urinária ou fecal, a ida ao banheiro deve ser regular mesmo sem que o paciente
peça, a cada duas horas, por exemplo.
(1) Fernando Vieira
Filho
Psicoterapeuta/Escritor
(Cure suas Mágoas e Seja Feliz!)
(55 11) 99684-0463 (São Paulo e Brasil)
(55 11) 99684-0463 (São Paulo e Brasil)
(55 34) 3077-2721
(Uberaba)
Nunes, Belina - Doença de
Alzheimer Vol. 1 e 2 - Edições Lidel.
Wisniewski, Thomas M.; Sadowski,
Marcin - 100 Questions & Answers About Alzheimer's Disease - JONES
& BARTLETT PUB.
Sayeg, Norton - Alzheimer -
Diagnóstico e Tratamento - Yendis.
Lucchese, Fernando - Desembarcando o Alzheimer - Um Guia Prático Para Familiares e Cuidadores - L&PM
Lucchese, Fernando - Desembarcando o Alzheimer - Um Guia Prático Para Familiares e Cuidadores - L&PM
(3) Nasceu em Marktbreit (Alemanha), 14 de
junho de 1864 – Breslau (Alemanha), 19 de dezembro de 1915) foi um psiquiatra
alemão conhecido, sobretudo por ter sido o primeiro autor a reconhecer com
entidade patognomônica (Diz-se dos sintomas próprios de cada moléstia e cuja
identificação permite um diagnóstico certo) distinta a doença neurodegenerativa
que hoje tem o seu nome (doença de Alzheimer ou mal de Alzheimer) Alzheimer
trabalhou também com Emil Kraepelin, autor da primeira classificação moderna dos
vários tipos de doença
psicótica.
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