A DEPRESSÃO NAS MULHERES


Por Fernando Viera Filho (1)






QUANDO A TRISTEZA DEIXA DE SER NORMAL

As pessoas passam por períodos nos quais se sentem tristes ou infelizes, entretanto, quando esses períodos duram por semanas ou meses, e perde-se a perspectiva ponderada, equilibrada em relação às coisas da vida, pode ser que a depressão tenha se instalado.

A EXTENSÃO DO PROBLEMA

A depressão é uma desarmonia psíquica e também fisiológica, comum e grave, e que atinge duas vezes mais mulheres do que homens.
Na cidade de São Paulo, o risco de alguém apresentar um episódio depressivo ao longo da vida é de 18,5%. A diferença na incidência da depressão entre mulheres e homens começa na adolescência, avançando pela idade adulta. Essa diferença é menos pronunciada, por motivos desconhecidos, apenas entre os 44 e 65 anos de idade. Nas mulheres, a depressão é comumente acompanhada por ansiedade, distúrbios do sono, crises de pânico, e distúrbios alimentares.

OS SINAIS E SINTOMAS DA DEPRESSÃO

São sintomas comuns a sensação de desamparo, falta de energia, tristeza persistente, preocupação excessiva, baixa autoestima, perda do interesse em atividades que se interessava anteriormente, irritação, duvidadas excessivas e esquecimento freqüentes, Ainda pode haver aumento ou diminuição do apetite, com alterações de peso, aumento ou perda de sono, perda da capacidade de sentir prazer. Se alguns desses sintomas persistirem por semanas ou meses é provável que a pessoa esteja sofrendo de depressão.
Em mulheres jovens a depressão pode também manifestar-se através de problemas escolares, distúrbios pronunciados do apetite e uma visão distorcida da imagem corporal.
Em mulheres de mais idade podem desenvolver queixas físicas, como dores diversas e problemas digestivos; e podem não reconhecer que se sentem deprimidas.

AS CAUSAS DA DEPRESSÃO

A causa da depressão não é bem conhecida, entretanto existem vários fatores de risco que podem desencadear um episódio depressivo. Entre eles estão os fatores genéticos, fatores do equilíbrio hormonal, fatores da existência da pessoa, assim como determinadas medicações, e determinadas doenças.
Como dito, mais casos de depressão são relatados entre as mulheres do que entre os homens na proporção de 2:1. Alguns especialistas acham que as mulheres tendem a dar maior valor às ligações e relações pessoais que os homens, o que pode ser uma característica bastante positiva. Entretanto essa característica pode potencialmente torná-las mais vulneráveis à depressão. Observa-se ainda, que a depressão pode ser desencadeada pela ansiedade que acompanha uma mudança importante na vida da pessoa, mesmo que para melhor.
É muito importante o reconhecimento inicial da depressão a fim de que, com ajuda especializada, previna-se as muitas perdas que ela pode trazer. O conhecimento e a experiência do médico e terapeuta são cruciais para a tomada de providências em direção à recuperação. É importante notar que problemas de saúde e depressão andam juntos. Sinais físicos como dores de cabeça, dor de estômago, náuseas e dores nas costas podem ser manifestações da depressão. O inverso também pode ser verdadeiro, com sintomas como falta de energia, desânimo, irritação, alteração de peso, sendo manifestações de outras doenças orgânicas e não da depressão.
Estudos mostram que a porcentagem de casos de depressão e outros transtornos mentais é mais alta em determinadas famílias que na população geral. Também, se um gêmeo idêntico tiver depressão, a chance do outro gêmeo também apresentar o quadro é maior do que se os gêmeos fossem fraternos, isto é, não idênticos. Os gêmeos idênticos compartilham exatamente o mesmo material genético, enquanto que os gêmeos fraternos não, o que aponta o fator genético como responsável pela diferença.
Os hormônios parecem ter um importante efeito no estado afetivo das mulheres. É na puberdade, época de marcantes alterações hormonais, que as diferenças de incidência da depressão entre homens e mulheres começam a se evidenciar. Alterações de humor têm sido também associadas às alterações hormonais dos ciclos menstruais, assim como as pílulas anticoncepcionais.
Existem alterações nos níveis de hormônios durante o ciclo menstrual que são regulares, e já foram associadas à síndrome pré-menstrual, que pode incluir sintomas de depressão e é comum nas mulheres. Geralmente os sintomas são leves e não requerem intervenção médica ou psicoterapêutica. Quando passam a interferir nas atividades diárias e nas funções corporais da mulher, consulta médica e psicoterapêutica se fazem necessária.
Na chamada depressão pós-parto, o quadro depressivo que aparece nos primeiros dias ou semanas após o nascimento do bebê, a queda dos níveis dos hormônios estrógeno e progesterona já foi associada como fator desencadeante. Muitas vezes não é necessário o tratamento medicamentoso nessa circunstância, já que os sintomas podem ser leves e transitórios. Nos quadros de maior intensidade, entretanto, as pacientes devem discutir com seus médicos os riscos e benefícios do tratamento medicamentoso no período de amamentação, podendo-se optar neste período, pelo uso de remédios homeopáticos e florais de Bach.

OUTRAS CAUSAS

Doenças como aquelas originadas da glândula tireóide, ou anemias, e alguns quadros neurológicos, entre outras, podem causar depressão. Assim, nos quadros depressivos, a avaliação médica e psicoterapêutica, bem cuidadosa são sempre necessárias.
Alguns medicamentos também podem causar depressão, como determinadas medicações anti-hipertensivas e pílulas anticoncepcionais. Se você suspeitar de que isso possa estar ocorrendo, informe seu médico.
Também a dependência do álcool e de outras drogas está comumente associada à depressão.

TRANSTORNO AFETIVO SAZONAL

No transtorno afetivo sazonal, as pessoas ficam deprimidas quando chega o inverno e nos dias que anoitecem mais cedo. Pensa-se que a redução da quantidade de luz pode afetar o equilíbrio de certas substâncias químicas cerebrais.

PROBLEMAS EXISTENCIAIS

A morte de pessoas próximas, e outras situações de desamparo ou traumáticas, como abuso sexual, podem levar a tristeza prolongada e a depressão, no período do acontecimento ou mais tarde. Entretanto, muitas pessoas portadoras de depressão nunca foram expostas a situações negativas traumáticas, enquanto que pessoas que foram expostas a essas situações não se tornaram deprimidas.
A inexistência de relacionamentos significativos, como amizade, namoro, matrimônio pode aumentar o risco do aparecimento da depressão. Esse risco também pode ser aumentado pela qualidade do relacionamento significativo, isto é, por componentes como agressividade e infidelidade, que interferem na relação.
Embora o casamento possa ser fator de proteção contra a depressão especialmente para os homens, mulheres que tem um papel familiar mais tradicional, sem compartilhamento das responsabilidades domésticas, se dedicando sozinhas e exclusivamente a cuidar de filhos pequenos, ou assumindo uma esgotante dupla jornada de trabalho, podem ter maior risco de desenvolver depressão.
O rompimento de relações, problemas quanto à guarda dos filhos e divisão de bens também podem contribuir para esse maior risco.
A aposentadoria ou a aproximação desta, é outro importante fator de risco à depressão na mulher de meia idade.
BAIXA AUTOESTIMA

Os fatores referentes à baixa autoestima podem afetar as mulheres de diferentes formas. Podem sentir, por exemplo, que o seu trabalho não é valorizado e que possuem um papel secundário na sociedade ou família. Algumas podem julgar seu valor como principalmente ligado a fatores estéticos; e sentem-se deprimidas por não se adequarem aos padrões estéticos estabelecidos pela mídia. Hoje em dia, este é um fator ponderável.

PERGUNTANDO COMO SE SENTE

Uma forma de se perguntar se está sofrendo de depressão é formular para si questões como se perdeu o interesse em atividades que eram anteriormente prazerosas, se sente importante falta de energia, desamparo, culpa excessiva, dificuldade de concentração, muito sono ou insônia, sensação de inutilidade, se houve alteração relevante de peso. Se você pondera que algumas respostas a essas perguntas são afirmativas, ou se tem pensado em morte com freqüência, ou mesmo suicídio, deve discutir seus sentimentos com um médico psiquiatra ou psicoterapeuta.

O TRATAMENTO

Atualmente, os recursos para o tratamento da depressão são extensos, incluindo psicoterapia de diferentes orientações teóricas, antidepressivos, e mais raramente, o tratamento eletro-convulsivo. A escolha do melhor tratamento apenas pode ser feita através de uma avaliação profissional competente. O tratamento usualmente é iniciado quando os sintomas da depressão passam a interferir de forma relevante nas diferentes atividades sociais e relacionamentos pessoais, ou ainda quando o sofrimento pessoal é perturbador, embora a pessoa continue capaz de exercer suas atividades apropriadamente.
Há várias linhas teóricas que orientam a prática da psicoterapia.
Algumas modalidades incluem a terapia de apoio, a psicanálise com suas diferentes influências teóricas, a terapia cognitiva e comportamental, a terapia existencial e a psicoterapia holística ou sistêmica que surgiu de duas vertentes: a psicologia transpessoal e a Física Quântica. Estudos defendem a associação da terapia medicamentosa com a psicoterapia como tratamento mais eficaz e duradouro que esses dois tratamentos aplicados de forma isolada. A psicoterapia pode ser de curto prazo, focalizando problemas específicos e usualmente transitórios, ou de longo prazo, investigando influências do passado, padrões de pensamento e comportamentos incorporados ou cristalizados, entre outros aspectos.
A psicoterapia pode ser individual, em grupo, ou ainda familiar, dependendo de escolhas do paciente, tipos de problemas mais relevantes, e disponibilidade do tratamento.
O repertório de medicações antidepressivas é amplo. As medicações atuam corrigindo desequilíbrios químicos cerebrais, e são geralmente escolhidas em função de aspectos da depressão, sintomas ou outros quadros psiquiátricos associados, assim como doenças orgânicas e tolerância aos efeitos colaterais. Assim, a avaliação terapêutica individualizada é necessária para a escolha da medicação.
A terapia eletro-convulsiva é utilizada com segurança e eficácia nos principais centros médicos mundiais em indicações bastante restritas como a depressão com sintomas psicóticos que inclui a presença de delírios.
Decisões como envolver-se em atividades caritativas, como ser voluntária em instituições religiosas ou não, sem fins lucrativos, como creches e lares para idosos carentes é excelente, assim como, a prática orientada de exercícios físicos, a eliminação do uso excessivo de determinadas medicações, do álcool e outras substâncias e bons hábitos alimentares devem ser encorajadas, pois contribuem beneficamente no tratamento da depressão.

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Fernando Vieira Filho é psicoterapeuta, é especialista em Terapia com Florais de Bach e autor do livro - Cure suas Mágoas e Seja Feliz! - Barany Editora - São Paulo 2012
(55 11) 99684-0463 (São Paulo e Brasil)
(55 34)  3077-2721  (Uberaba)
 
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Fonte:
Departament of Health and Human Services: Depression is a Treatable Illness: A patient´s Guide DHHS Public Health Service. 1993.

Um comentário:

  1. Fernando Santi comentou sua nota "O LUTO E A DEPRESSÃO".
    Fernando escreveu: "Que texto maravilhoso!!! Vou até ler de novo pra ver se não perdi nada! Obrigado querido amigo, por compartilhar um conteúdo tão profundo e de grande valor. Informação fundamental no nosso dia-a-dia e para a nossa vida em relação as outras pessoas. Forte abraço e muita paz!!

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