DEPRESSÃO - O MAL DO SÉCULO XXI


(1) Por Fernando Vieira Filho

O objetivo deste texto é mostrar, de forma simples, descomplicada e objetiva, que a Depressão é uma doença tratável e que, para se aumentar as chances de sucesso terapêutico, basta reconhecê-la e buscar o devido apoio médico e psicoterapêutico.
    É, portanto, de suma importância que as pessoas com esta distonia mental, assim como seus amigos e familiares, conheçam e saibam reconhecer as suas principais manifestações, sua gravidade e possibilidades terapêuticas disponíveis na atualidade.
    Espero que com este artigo, mais uma vez, trazer um apoio complementar, o qual, aliado à relação terapeuta-paciente, facilite o sucesso do tratamento.

 
                                                          O QUE É DEPRESSÃO
 
Ao contrário do que se pensa a depressão não é simplesmente o sentimento de tristeza, muitas vezes expresso por “baixo astral”. A depressão é uma doença assim como hipertensão, diabetes, asma, câncer, etc., que, na verdade, afeta o indivíduo como um todo, pois pode comprometer o pensamento, o comportamento, o humor, os sentimentos e também a saúde física.
Caracteriza-se por uma série de sintomas que veremos a seguir.

Antes, porém, é importante ressaltarmos alguns aspectos relacionados à depressão:

1. A depressão é, às vezes, confundida com tristeza, luto e outros sentimentos negativos. Isto se deve ao fato de a palavra Depressão ser, frequentemente, usada para descrever tais sentimentos, que, embora sejam semelhantes aos sintomas da depressão, não configuram a doença propriamente dita.
2. A depressão pode ocorrer simultaneamente a outras doenças e ser confundida com estas.
3. A depressão pode ocorrer simultaneamente a outras doenças e ser confundida com estas.
4. Problemas sociais tendem a dificultar os reconhecimento da doença ou a procura do profissional de saúde, certo.
5. Sintomas como tristeza, fadiga, desesperança, problemas relacionados ao sono e dificuldades de memória ocorrem habitualmente, em muitas pessoas com mais de 65 anos. No entanto, destas, algumas desenvolvem a depressão e devem ser tratadas.
6. A depressão é mais freqüente no sexo feminino.

                                           COMO RECONHECER A DEPRESSÃO – SINTOMAS
 
A maioria das pessoas que sofrem de depressão apresenta:

1. Sentimentos profundos de tristeza, desesperança e/ou irritabilidade.
2. Perda do interesse por situações que antes causavam prazer, inclusive lazer e sexo.
3. Os sintomas acima descritos, presentes de maneira contínua, por um período mínimo de duas semanas, acompanhados de quatro ou mais sintomas da seguinte relação:
- Perda de autoestima, autodesvalorização, pessimismo.
- Crises de choro.
- Alteração do apetite com ganho de peso ou perda de peso.
- Alterações do sono: dificuldade de dormir, dormir em excesso, sono irregular, acordar mais cedo do que o habitual.
- Dificuldade de se concentrar, de pensar e de memória, indecisão.
- Sentimento de culpa, idéias sobre pecado ou doenças físicas que não correspondem à realidade.
- Pensamento de morte ou suicídio, tentativa de suicídio.
- Sintomas físicos, como dor de cabeça, dor lombar e/ou sintomas digestivos, persistentes, sem causa orgânica, que não melhoram com tratamento algum. 

Sintomas como estes podem ser normais em pessoas que sofreram alguma perda recente, porém devem melhorar com o passar do tempo. Se forem muito intensos ou persistentes e duradouros, devem-se procurar profissionais de saúde.
 
TIPOS DE DEPRESSÃO

Há basicamente três tipos de Depressão:

1. DEPRESSÃO MAIOR (ENDÓGENA): 

Que se apresenta por uma combinação de alguns dos sintomas descritos. Estes sintomas interferem no desempenho das atividades rotineiras na vida das pessoas, reduzindo-lhes a capacidade de trabalho, ou mesmo impedindo-as de exercer atividades que, antes da doença, eram praticadas normalmente.

2. DISTIMIA: 

É um tipo de depressão menos grave, cujos sintomas são mais prolongados, porém mais brandos, interferindo menos na vida das pessoas, embora reduzam a capacidade de exercer suas atividades.

3. DISTÚRBIO BIPOLAR: 

Neste caso, antes chamado de doença maníaco-depressiva, os sintomas de depressão se alternam com sintomas de euforia, também chamada fase de mania, com ou sem períodos de normalidade. As mudanças de humor, em geral, se fazem lentamente, porém podem, também, ocorrer de forma repentina.

3.1. COMO RECONHECER A MANIA: 

Nesta fase, o pensamento, o senso crítico e o comportamento social estão alterados, o que leva à tomada de decisões profissionais ou financeiras insensatas, e a indiscrições sociais, gerando situações constrangedoras.
Sintomas da fase de mania são:
• Euforia excessiva ou irritação intensa.
• Diminuição da necessidade dormir.
• Falar muito ou sensação de que não consegue parar de falar.
• Distração fácil.
• Idéias de grandeza.
• Tomar atitudes como gastar muito dinheiro ou adotar condutas sexuais ou sociais inadequadas, que podem ter efeitos prejudiciais.
• Fazer muitos planos de atividades, às vezes não passíveis de serem realizados, ou sensação de que não pode parar.
 
                                                     
ALGUMAS ORIENTAÇÕES ÚTEIS
 
1. A depressão é uma doença como outra qualquer e requer auxílio e tratamento.
2. A depressão não é a expressão de uma fraqueza pessoal ou humana ou ainda falta de “força de vontade”.
3. Não se deve acreditar que a depressão desaparecerá sozinha ou que buscar tratamento seja uma fraqueza.
4. Não se considere muito velho para obter ajuda ou tratamento.
5. A depressão pode ser tratada como outras doenças, trazendo, frequentemente em poucas semanas melhora, com conseqüente retorno às atividades profissionais e a uma vida normal.
6. Após a fase inicial do tratamento, e mesmo que os sintomas tenham desaparecido, há a necessidade de se continuar tomando medicamentos para prevenir “recaídas”, que chamamos efeito rebote. Portanto, não se deve suspender a medicação sem orientação do médico psiquiatra.
7. Os medicamentos antidepressivos começam a exercer seus efeitos benéficos, após algumas semanas de uso. Assim, se os sintomas persistirem no início do tratamento, não abandone o tratamento. Evite escutar os “palpiteiros” de plantão.
 
TRATAMENTO DA DEPRESSÃO
 
Considera-se que aproximadamente 80% dos pacientes deprimidos melhoram com tratamento, isto é, recuperam-se totalmente, e que a maioria obtém pelo menos algum grau de alívio da depressão.
São três as modalidades de tratamento da depressão mais frequentemente utilizadas: tratamento medicamentoso, psicoterapia e associação de medicamentos e psicoterapia.

1. MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS

Muitos dos medicamentos para o tratamento da depressão são utilizados desde os anos 50, sendo seus efeitos bem conhecidos e seguros, o que facilita seu manuseio.
Existem três grupos de medicamentos antidepressivos mais frequentemente utilizados no tratamento da depressão: os heterocíclicos, que incluem os tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, os inibidores da enzima MAO (IMAOs) e o lítio. Destes, os tricíclicos são os mais conhecidos e prescritos, por sua eficácia comprovada.
Estes medicamentos não causam dependência.
A ingestão de bebidas alcoólicas durante seu uso deve ser evitada pelo potencial de interação do álcool com o medicamento.
Ao consultar um médico, deve-se informá-lo de todos os medicamentos que se está tomando, sejam eles para qualquer finalidade, pois alguns medicamentos pedem interagir com os antidepressivos.
O tratamento com um IMAO deve ser acompanhado de restrições alimentares (por exemplo, alguns tipos de queijos e vinhos), pois pode haver interação com alimentos e também com outros medicamentos, com conseqüências muito sérias para saúde.
Às vezes o primeiro medicamento prescrito não tem o efeito esperado, havendo então necessidade de o psiquiatra mudá-lo ou associar um segundo medicamento.
Algumas situações, como depressão crônica e Distúrbio Bipolar, exigem tratamento contínuo e prolongado, para evitar “recaídas” ou para que não haja piora da doença.
O uso do medicamento NUNCA deve ser interrompido de "supetão", pois ocasiona o efeito rebote,  isto é, os sintomas podem voltar de forma violenta e inesperada. A suspensão só pode ser feita de forma lenta e gradual com a estrita supervisão médica.
Assim, o medicamento ajuda colocar a "casa interna" do doente em ordem, para que ele possa se submeter a um processo de autoconhecimento e, implementar, em si próprio, as mudanças íntimas e necessárias em sua vida de relações.

EFEITOS COLATERAIS

Os efeitos colaterais causados pelos antidepressivos são, em geral, passageiros e não representam problemas graves, embora possam produzir desconforto. Estes efeitos devem sempre ser relatados ao profissional responsável, porém não se deve interromper o uso do medicamento sem a orientação médica.

2. PSICOTERAPIA

A psicoterapia envolve a interação verbal entre o terapeuta credenciado e o paciente com problemas emocionais ou comportamentais.
O psicoterapeuta investiga as prováveis causas emocionais e aplica técnicas específicas para auxiliar o paciente a se conscientizar do problema, a se conhecer melhor e assim mudar seus pensamentos, atitudes, sentimentos e comportamentos negativos.
Há muitas formas de psicoterapia que ajudam pacientes deprimidos. Destas algumas psicoterapias breves, isto é, com períodos curtos de duração (aproximadamente 16 semanas), tem eficácia comprovada. E as psicoterapias holísticas ou sistêmicas que tratam o paciente de forma integral, de forma rápida e objetiva, com aplicação de remédios homeopáticos e florais de Bach, sendo que estes últimos atuam diretamente no centro das emoções, de forma rápida e bastante certeira. Esta é a linha psicoterapêutica que sigo, pela orientação e inspiração do psiquiatra Elias Barbosa (1934-2011), que apresento no meu livro CURE SUAS MÁGOAS E SEJA FELIZ! (Barany Editora, 2012).

3. ELETROCONVULSOTERAPIA

Para os casos mais graves de depressão, pode-se utilizar a eletroconvulsoterapia. Este procedimento médico interfere com determinadas substâncias químicas do cérebro, trazendo benefícios imediatos para casos mais graves. Ela, vista no passado com certo preconceito, é atualmente feita com o uso de anestésico e relaxante muscular, para evitar complicações ou qualquer dor. É um tratamento com 90% de eficácia.
 
OUTRAS RECOMENDAÇÕES
 
Além do tratamento instituído pelo médico psiquiatra e o psicoterapeuta, existem outros pontos em que se pode atuar para melhorar a depressão. Ela leva ao cansaço extremo, sentimento de desvalorização e à insegurança. É importante que o indivíduo, os amigos e familiares compreendam que isto faz parte da doença e desaparecerá com o tratamento adequado.
 
NESSE MEIO TEMPO, HÁ ALGUMAS MEDIDAS QUE PODEM AJUDAR:
 
• Evitar a solidão, permanecendo junto a outras pessoas.
• Buscar alguma atividade que ajude a se sentir melhor.
• Não exigir muito de si mesmo, nem se impor tarefas ou alvos muito difíceis. Procure reduzir temporariamente o grau de auto-exigência.
• Evitar tomar decisões importantes sejam elas profissionais ou pessoais.

Enfim, a depressão é uma doença, uma desarmonia psicossomática, como outra qualquer e passível de tratamento. Considere estas informações em relação a si, a amigos ou a familiares e procure o profissional adequado. E é sempre bom lembrar, da importância, para o doente e seus familiares, quanto ao exercício da religiosidade, seja qual for a denominação. O importante é a crença numa Força Maior e Misericordiosa  que, junto ao tratamento médico convencional, propicia uma recuperação muito mais rápida, eficaz e duradoura.
Certamente o reconhecimento e tratamento da depressão trarão enormes benefícios e proporcionarão uma vida com qualidade e profissionalmente produtivas.

(1) Fernando Vieira Filho
Psicoterapeuta/Autor do livro - Cure suas Mágoas e Seja Feliz! - Barany Editora - São Paulo 2012
(55 11) 99684-0463 (São Paulo e Brasil)
(55 34)  3077-2721  (Uberaba)


 
FONTES CONSULTADAS:

Dalgalarrondo, Paulo - Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais - Artmed - 2008.

Madalena, J. Caruso - PSICOFARMACOLOGIA Clínica Básica - Fundo Editorial Byk-Procienx - 1975. 

American Psychiatric Association - Let´s Talk Facts About Mental Illnesses – Depression – 1993.

Departament of Health and Human Services - Depression is a Treatable Illness: A patient´s Guide DHHS Public Health Service - 1993.


Sargent, M. - Depression. U.S. Dept. of Health & Human Services – NIMH. 1990.

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