Dismorfofobia – O Drama do Medo da Feiura

 

Dismorfofobia – O Drama do Medo da Feiura

Por Fernando Vieira Filho¹

 

A dismorfofobia, também chamada de Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) ou Síndrome da Distorção da Imagem, é um transtorno psicológico caracterizado pela obsessão com defeitos inexistentes ou mínimos na aparência física. Afeta mais frequentemente adolescentes, devido às transformações da puberdade, mas também pode acometer adultos, sendo mais comum em mulheres, embora homens não estejam imunes.

Em 1886, o psiquiatra italiano Enrico Morselli descreveu a dismorfofobia como uma insatisfação extrema com a própria imagem, acompanhada de vergonha intensa ao se sentir observado. Apesar disso, só um século depois a condição foi incorporada à classificação psiquiátrica como um transtorno independente, no DSM-III-R (1987). No Brasil, a primeira referência surgiu em 1976, em um estudo do cirurgião plástico Ivo Pitanguy sobre os aspectos psicológicos da cirurgia plástica.

Atualmente, o TDC é pouco reconhecido e caracteriza-se por uma insatisfação extrema com a própria aparência, muitas vezes sem fundamento real. Os pacientes raramente percebem que sofrem do transtorno e, em vez de buscar tratamento psicológico, recorrem a cirurgias plásticas na esperança de corrigir o que veem como defeitos.

Características do TDC

A principal característica da dismorfofobia é a discordância entre a percepção do paciente e a realidade. Ele se considera deformado, mesmo sem justificativa para isso, e resiste a argumentos contrários. Os portadores do transtorno podem apresentar:

  • Depressão e baixa produtividade;
  • Fobia social e transtornos psicóticos;
  • Alto risco de suicídio, presente em 78 a 81% dos casos, com tentativas entre 22 e 28%;
  • Violência contra profissionais de saúde, como cirurgiões plásticos e dermatologistas;
  • Transtornos alimentares, como anorexia, comum entre modelos que nunca se veem magras o suficiente;
  • Obsessão com cicatrizes e marcas quase imperceptíveis;
  • Medo exagerado do envelhecimento, com autopercepção distorcida da idade.

Causas e Diagnóstico

A etiologia do TDC ainda é incerta, mas há indícios de relação com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), devido à obsessão por defeitos corporais. Fatores como baixa autoestima, infância marcada por críticas e rejeição, e alterações nos neurotransmissores serotonina e dopamina são apontados como possíveis causas. Além disso, a pressão social e a padronização estética imposta pela mídia agravam a condição.

O diagnóstico pode ser desafiador, pois os sintomas muitas vezes são confundidos com vaidade excessiva. O uso exagerado de maquiagem, dietas extremas, compulsão por exercícios e cirurgias plásticas são sinais comuns do transtorno.

Tratamento

O tratamento envolve psicoterapia, frequentemente associada a medicamentos para tratar sintomas depressivos e obsessivos. Abordagens complementares, como homeopatia, florais de Bach e terapias ocupacionais, podem auxiliar. O envolvimento em atividades voluntárias também tem demonstrado bons resultados na melhora da autoestima e no bem-estar emocional dos pacientes.

Uma abordagem multidisciplinar bem conduzida pode proporcionar melhor qualidade de vida aos portadores desse sofrimento psíquico.

 

¹Fernando Vieira Filho – Psicoterapeuta / Clínico, Palestrante e Escritor

Autor:

  • CURE SUAS MÁGOAS E SEJA FELIZ! – 2ª Ed. - Barany Editora, 2012.
  • DIETA DOS SÍMBOLOS – Coautor, 6ª Ed. - Melhoramentos, 2004.
  • PSICOFÁRMACOS - Uso, Aplicações, Drogas Deletérias e Interações Medicamentosas 
  • PSICOPATOLOGIA - Uma Abordagem Simples e Objetiva, Incluindo Psicopatologias Infantis 
  • DEPRESSÃO – A Dor Silenciosa
  • SISTEMA DE TERAPIA FLORAL do Doutor Edward Bach - 2013
  • BEBIDA NÃO É BRINCADEIRA - O Alcoolismo - 2013
  • VIVA LEVE - Programa Alimentar das FORMAS GEOMÉTRICAS - 2004

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